PATOLOGIAS DO INDIVÍDUO
Vladimir Pinheiro Safatle
Um dos mantras preferidos do pensamento conservador consiste em reduzir a ideia de liberdade à afirmação do indivíduo. Repetido de maneira compulsiva, tal mantra procura impor à sociedade a crença de que "liberdade" é simplesmente o nome que damos ao sistema de defesa dos interesses particulares dos indivíduos, de suas propriedades privadas e seus modos de expressão. No entanto, esta noção de liberdade talvez seja, no fundo, uma forma muito difundida de patologia social.

Por outro lado, como todos sabemos que o atomismo de ser apenas um indivíduo é dificilmente suportável, este isolamento tende, muitas vezes, a ser compensado com alguma forma de retorno a figuras de comunidades espirituais e religiosas. A vida contemporânea nos demonstrou que individualismo e religiosidade, liberalismo e restrições religiosas dogmáticas, longe de serem antagônicos, transformaram-se nos dois polos complementares e paradoxais do mesmo movimento pendular.
Muito provavelmente, teremos que conviver com os resultados políticos desta patologia social bipolar.
Cada vez fica mais claro como o pensamento conservador se articula, em escala mundial, através da restrição da pauta do debate social, ora apelando para as "liberdades individuais", ora para "nossos valores cristãos". Contra isso, temos que saber mostrar como o conceito de liberdade e de ação social podem ser reconstruídos para além destes equívocos.
A nosso favor, há uma bela tradição do pensamento que quer se fazer ouvir.
Fonte: Artigo de Vladimir Pinheiro Safatle, professor livre docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), especialista em epistemologia (teoria do conhecimento) e filosofia da música. Postado por Gregório Macedo no Portal Luiz Nassif http://blogln.ning.com/
Desenho: Jorge Brandão.
rEALMENTE FAZ pensar EM NOSSO TAMANHO E NO QUANTO SOMOS ESSENCIAIS PARA A SOCIEDADE... PARADOXO....
ResponderExcluirSER E NÃO SER. SER UNICO E REPETIR O QUE OS OUTROS FAZEM, POR VEZES COM FERVOR, POR VEZES COM MEDO DE EXPRESSAR A DIREFENÇA.