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quinta-feira, 28 de julho de 2011

FAXINA GERAL


Marta Medeiros

Há muitas coisas boas em se mudar de casa ou apartamento.
Em princípio, toda e qualquer mudança é um avanço, um
passo à frente, uma ousadia que nos concedemos, nós que
tememos tanto o desconhecido. Mudar de endereço, no
entanto, traz um benefício extra. Você pode estar se
mudando porque agora tem condições de morar melhor,
ou, ao contrário, porque está sem condições de manter
o que possui e necessita ir para um lugar menor.
Em qualquer dos dois casos, de uma coisa ninguém
escapa: é hora de jogar muita tralha fora. E, se avaliarmos
a situação sem meter o coração no meio, chegaremos
a um previsível diagnóstico: quase tudo que guardamos é tralha.

Começando pelo segundo caso, o de você estar indo para
um lugar menor. Salve! Considere isso uma simplificação
da vida, e não um passo atrás. Não haverá espaço para
guardar todos os seus móveis e badulaques.

Se você for muito sentimental, vai doer um pouquinho.
Mas não é crime ser racional: olhe que oportunidade de ouro
para desfazer-se daquela estante enorme que ocupa todo
o corredor, e também daquela sala de jantar de oito lugares
que você só usa em meia dúzia de ocasiões especiais, já que
faz as refeições do dia a dia na copa.
Para que tantas poltronas gordas, tanta mobília herdada,
tantos quadros que, pensando bem, nem bonitos são?
Xô! Leve com você apenas o que combina e cabe na sua nova
etapa de vida. O que sobrar, venda, ou melhor ainda: doe.
Você vai se sentir como se tivesse feito o regime das nove
luas, a dieta do leite azedo, ou seja lá o que estiver na
moda hoje para emagrecer.

No caso de você estiver indo para um lugar maior, vale o
mesmo. Aproveite a chance espetacular que a vida está
lhe dando para exercitar o desapego. Para que iniciar
vida nova com coisa velha? Ok, você foi a fundo de caixa
e não sobrou nada para a decoração, compreende-se.
Pois leve seu fogão, sua geladeira, sua cama, seu sofá e
o imprescindível para não dormir no chão. Para começar,
isso basta. Coragem: é hora de passar adiante todas
as roupas que você pensa que vai usar um dia, sabendo
que não vai. Hora de botar no lixo todas as panelas
sem cabo, os tapetes desfiados, as almofadas com
rombos, os discos arranhados, as plantas semimortas,
aquela lixeira medonha do banheiro, os copos trincados,
os guias telefônicos de três anos atrás, todas as flores
artificiais, as revistas empoeiradas que você coleciona,
a máquina de escrever guardada no baú, o aquário vazio
e o violão com duas cordas. Tudo isso e mais o que você
esconde no armário da dependência de serviço.
Vamos lá, seja homem.

Caso você não esteja de mudança marcada, invente outra
desculpa qualquer, mas livre-se você também da sua
tralha. Poucas experiências são tão transcendentais
como deixar nossas tranqueiras para trás.

sábado, 9 de abril de 2011

EVITE SER TRAÍDO


Para as mulheres, uma verdade!  
Para os homens, a realidade!
Arnaldo Jabor


Você, homem da atualidade, vem se surpreendendo
diuturnamente com o “nível” intelectual, cultural e,
principalmente, “liberal” de sua  mulher, namorada, etc…

Às vezes sequer sabe como agir, e lá no fundinho tem
aquele medo  de ser traído - ou nos termos usuais
- “corneado”.

Saiba de uma coisa… Esse risco é iminente, a probabilidade
disso acontecer é muito grande, e só cabe a você, e a
ninguém mais evitar que isso aconteça- ou então -assumir
seu “chifre” em alto e bom som.

Você deve estar perguntando por que eu gastaria meu
precioso tempo falando sobre isso. Entretanto, a aflição
masculina diante
da traição vem me chamando à atenção já há tempos.
Mas o que seria uma “mulher moderna”?

A princípio seria aquela que se ama acima de tudo, que
não perde (e nem tem) tempo com/para futilidades, é aquela
que trabalha porque acha que o trabalho engrandece, que é 
independente sentimentalmente dos outros, que é corajosa,
companheira, confidente, amante… É aquela que às vezes
tem uma crise súbita de ciúmes, mas que não tem vergonha
nenhuma em admitir que esteja errada e de correr pros seus
braços… É aquela que consegue ao mesmo tempo ser forte
e meiga,  desarrumada e linda…

Enfim, a mulher moderna é aquela que não tem medo de nada
nem de ninguém, olha a vida de frente, fala o que pensa e
o que sente, doa a quem doer… Assim, após um processo
“investigatório” junto a essas “mulheres modernas”pude
constatar o pior: - VOCÊ SERÁ (OU É???) “corno”, a menos que:


- Nunca deixe uma “mulher moderna” insegura. Antigamente
elas choravam. Hoje elas simplesmente traem, sem dó nem
piedade.


- Não ache que ela tem poderes “adivinhatórios”.
Ela tem de saber da sua boca - o quanto você gosta dela.
Qualquer dúvida neste sentido poderá levar às conseqüências
expostas acima.


- Não ache que é normal sair com os amigos (seja pra beber,
pra jogar futebol) mais do que duas vezes por semana, três
vezes então, é assinar atestado de “chifrudo”. As “mulheres
modernas” dificilmente andam implicando com isso,
entretanto, elas são categoricamente “cheias de amor pra dar”
e precisam da “presença masculina”. Se não for a sua, amigo…
Bem…

- Quando disser que vai ligar, ligue, senão o risco dela ligar
pra aquele ex, bom de cama, é grandessíssimo.


- Satisfaça-a sexualmente. Mas não finja satisfazê-la.
As “mulheres modernas” têm um pique absurdo em relação
ao sexo e, principalmente dos 30 aos 58 anos, elas pensam
- e querem - fazer sexo TODOS OS DIAS (pasmem, mas é a
pura verdade)… Bom, nem precisa dizer que se não for com
você…


- Lhe dê atenção. Mas principalmente faça com que ela
perceba isso. Garanhões maus (ou bem) intencionados
sempre existem, e estes quando querem, são peritos em
levar uma mulher às nuvens. Então, leve-a você, afinal,
la é sua ou não é????


- Nem pense em provocar “ciuminhos” vãos.
Como pude constatar, mulher insegura é uma máquina
colocadora de chifres.

- Em hipótese alguma a deixe desconfiar do fato de você
estar saindo com outra. Essa mera suposição da parte delas
dá ensejo ao um “chifre” tão estrondoso que quando você
acordar, meu amigo, já existirá alguém MUITO MAIS
“comedor” do que você… só que o prato principal, bem…
Dessa vez é a SUA mulher.


- Sabe aquele bonitão que você sabe que sairia com a sua
mulher a qualquer hora? Bem… De repente a recíproca
também  pode ser  verdadeira…
Basta ela, só por um segundo, achar que você merece…
Quando você reparar… já foi.


- Tente estar menos “cansado”. A “mulher moderna”
também trabalhou o dia inteiro e, provavelmente, ainda
tem fôlego para

- como diziam os homens de antigamente - “dar uma”,
para depois, virar de lado e simplesmente dormir.


- Volte a fazer coisas do começo da relação. Se quando
começaram a sair viviam se cruzando em “baladas”,
“se pegando” em lugares inusitados, trocavam e-mails
ou telefonemas picantes, a chance dela gostar disso é
muito grande, e a de sentir falta disso então  é imensa.
A “mulher moderna” não pode sentir falta dessas coisas…
senão…

Bem amigos aplicam-se finalmente, o tão famoso jargão:
“quem não dá assistência, abre concorrência e perde a
preferência”. Deste modo, se você está ao lado de uma
mulher de quem realmente  gosta e tem plena consciência
de que, atualmente o mercado não está pra peixe (falemos
de qualidade), pense bem antes de dar alguma dessas
“mancadas”… Proteja-a, ame-a, e, principalmente, faça-a
saber disso.  Ela vai pensar milhões de vezes antes de
dar bola pra aquele “bonitão” que vive enchendo-a de
olhares… e vai continuar,  sem dúvidas, olhando só pra você!!!

“Quem não se dedica, se complica. ”

Como dizem: MULHER NÃO TRAI, APENAS SE VINGA.”

domingo, 30 de janeiro de 2011

INSÔNIA







Minha antiga insônia está me fazendo visitas frequentes
ultimamente... meu sono esta vindo depois das 2, 3 horas
da manhã. Gosto de ouvir música e ficar no computador
quando o sono se esconde em algum canto da casa e me
deixa com preguiça de procurá-lo. Eu ainda não sei bem
o que está me tirando o sono; talvez algum barulho que,
embora não exista, me distrai e atrapalhe ao tentar
pregar o sono. Acho que é mais por causa de uma bagunça,
não falo daquela bagunça das roupas e sapatos que aliás
estão totalmente desorganizadas. É que eu ando sem
tempo,  eu quero andar sem tempo...preciso me ocupar
para não pensar... Voltando à bagunça pessoal: essa é
pior porque eu nunca sei o lugar certo para guardar as coisas.
Sabemos que calcinhas combinam com gavetas e sapatos
com sapateiras. Porém eu ainda não encontrei um bom
lugar para guardar a saudade; o amor então, eu nunca
sei o lugar certo, nunca consegui ajeitar em qualquer lugar,
acho que precisa de um lugar especial e eu fico achando
que esse eu não tenho. Para mim parece que está sempre
fora do lugar... Conheço alguém que guarda o amor no pé...
me falaram que era pra ser mais fácil de pisar, porque o
amor machuca muito. Outra guarda o amor nos olhos,
para nunca perdê-lo de vista.. Aquela outra o guarda no
coração a parte mais nobre do corpo, como uma estrela
voluntária que você precisa pra poder brilhar..
E eu não sei ainda onde guardar o meu, deixo isso em
aberto até encontrar o lugar certo.
A minha saudade hoje posso falar que guardo na minha
boca, pra mim é o lugar perfeito, junto com aquele suspiro
que, igual a borboleta, pousa e vai embora...
Algumas voltam... Essa? Talvez...
Enquanto isso penso na bagunça das minhas roupas:
tem gente que as arruma pela cor, pela marca, modelos,
bolinhas e listras. Eu prefiro o método antigo de empilhar
tudo num canto. Claro que eu quase nunca acho nada...
Nessas noites de insônia vou inventar uma maneira mais
pratica de organizar guarda roupas...enquanto eu tento
esquecer e disfarçar que o que eu queria de verdade era
arrumar o lugar certo para a saudade e o amor que fala ]
comigo agora enquanto eu ainda tento dormir... (MMS)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

" RECALL " DA ALMA


Por Marta Medeiros


Também gostaria que me chamassem para um "recall", mas não para
avaliarem meu carro, mas a mim mesma. Quem me convocaria?
Ora, quem? Deus, o dono da fábrica!
Todos nós saímos da linha de montagem com alguns defeitos, mas
ninguém nos avisa disso.
À medida que vamos rodando é que as avarias vão surgindo,
provocando acidentes que poderiam ser evitados caso alguém
tivesse nos chamado para uma revisão.
- Olha, você tem um problema de superaquecimento. Cada vez que
uma pessoa discorda
do seu ponto  de vista, sua tendência é perder a cabeça e sair
agredindo, dizendo coisas que fazem os amigos se  afastarem
de você. Venha cá, vamos dar uma regulada nesse  seu  termostato.
- O problema está na aceleração. Já reparou como você é  rapidinho?
Quer tudo para ontem, não deixa as coisas acontecerem no seu tempo,
atropela todo mundo.
Encosta ali que já resolvo isso.
- Seu retrovisor interno é muito grande! Como é que eu deixei você ir
pra rua assim?
Você vive  olhando pra trás, tem mania de perseguição, não se livra
do passado.
Vou diminuir esta sua tentação  de ficar vivendo de lembranças para
que você ganhe uma área maior de visão frontal.
- Seu caso, vejamos: você derrapa muito. E tem folga na direção.
Precisa ser  mais objetivo, dizer o que pensa, não ser assim tão 
escorregadio. Me alcança ali a chave de fenda que eu dou um jeito
nisso agorinha.
Seria a glória.
Mas creio que Deus anda muito ocupado para se dedicar a consertos.
Melhor resolver nossas falhas com um manualzinho caseiro mesmo.
Claro que não vai dar para ajeitar tudo: temos alguns bons anos de
uso e certas peças já não são passíveis de reposição, mas não custa
fazer um  autobalanceamento de vez em quando, para a gente não se
estragar no meio do caminho.
" Recall ", só de alma.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

PATOLOGIAS DO INDIVÍDUO

Vladimir Pinheiro Safatle

Um dos mantras preferidos do pensamento conservador consiste em reduzir a ideia de liberdade à afirmação do indivíduo. Repetido de maneira compulsiva, tal mantra procura impor à sociedade a crença de que "liberdade" é simplesmente o nome que damos ao sistema de defesa dos interesses particulares dos indivíduos, de suas propriedades privadas e seus modos de expressão. No entanto, esta noção de liberdade talvez seja, no fundo, uma forma muito difundida de patologia social.

De fato, sofre-se muitas vezes por não se ser um indivíduo, ou seja, por não ter as condições sociais necessárias para a afirmação de uma individualidade almejada. No entanto, sofre-se também por ser apenas um indivíduo. Há um sofrimento vindo da incapacidade em pensar aquilo que, dentro de si mesmo, não se submete à forma coerente de uma pessoa fortemente individualizada. Infelizmente, este sofrimento, em vez de funcionar como motor de desenvolvimento subjetivo, muitas vezes se exterioriza e se transforma em medo social contra tudo o que parece colocar em xeque nossa "identidade", as "crenças do nosso povo".
Não é por outra razão que lá onde há a insistência em compreender a sociedade como um mero conjunto de indivíduos, há sempre o outro lado da moeda: a necessidade de expulsar, de levantar fronteiras contra tudo o que não porta a minha imagem. O que nos explica porque sociedades fortemente individualistas, como aquelas que encontramos nos EUA e em certos países europeus, são sempre assombradas pelo fantasma do corpo estranho que está prestes a invadi-las, a destruir seus costumes e hábitos arraigados. Não há individualismo sem lógica social da exclusão.
Por outro lado, como todos sabemos que o atomismo de ser apenas um indivíduo é dificilmente suportável, este isolamento tende, muitas vezes, a ser compensado com alguma forma de retorno a figuras de comunidades espirituais e religiosas. A vida contemporânea nos demonstrou que individualismo e religiosidade, liberalismo e restrições religiosas dogmáticas, longe de serem antagônicos, transformaram-se nos dois polos complementares e paradoxais do mesmo movimento pendular.
Muito provavelmente, teremos que conviver com os resultados políticos desta patologia social bipolar.
Cada vez fica mais claro como o pensamento conservador se articula, em escala mundial, através da restrição da pauta do debate social, ora apelando para as "liberdades individuais", ora para "nossos valores cristãos". Contra isso, temos que saber mostrar como o conceito de liberdade e de ação social podem ser reconstruídos para além destes equívocos.
A nosso favor, há uma bela tradição do pensamento que quer se fazer ouvir.


Fonte:  Artigo de Vladimir Pinheiro Safatle, professor livre docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), especialista em epistemologia (teoria do conhecimento) e filosofia da música. Postado por  Gregório Macedo no Portal Luiz Nassif   http://blogln.ning.com/
Desenho: Jorge Brandão.