sexta-feira, 30 de abril de 2010

AS REDES SOCIAIS NAS EMPRESAS





REDES SOCIAIS NAS EMPRESAS

(artigo de Cezar Taurion)

Sempre participo de reuniões com executivos de empresas
abordando o uso empresarial de redes sociais. Uma das
dúvidas é como iniciar um projeto desses e quais as barreiras
que serão enfrentadas. A tecnologia é apenas um dos pilares.
Sem tecnologia não se faz muita coisa, mas é essencial
considerar as pessoas e a cultura organizacional. Sem analisar
esses dois fundamentos, não se chega a nenhum projeto.

Um fato inquestionável é que muitas empresas ainda adotam
um  modelo hierárquico, típico da sociedade industrial, baseado
na estrutura de comando e controle.
As decisões e direcionamentos são basicamente top-down e
nem sempre privilegiam  a colaboração cross-organizational.
Além disso, não existe muito encorajamento para que
funcionários se comuniquem entre os departamentos e eles
não se sentem participando dos processos decisórios. É um
verdadeiro campo minado para as redes sociais que, entre
outras coisas, privilegia colaboração por toda a organização
e quebra as barreiras hierárquicas.

O que fazer? Podemos descartar duas alternativas. Uma
é achar que a implantação de softwares para computação
social vai, por si só, mudar a cultura da empresa. Não vai.
Lembro que há mais de 30 anos li um livro de Alvin Toffler,
"Choque de Futuro", onde ele propunha o fim da burocracia
nas empresas. As idéias dele agora estão sendo adotadas,
mas a burocracia ainda continua forte, na maioria das
organizações.
Resumo da ópera: a cultura organizacional não muda
facilmente. É um processo lento e gradual. Um projeto de
computação social não tem força suficiente para mudar a
cultura. Portanto essa alternativa deve ser esquecida.

Outra alternativa a ser descartada é desistir e ignorar o
fenômeno das redes sociais e esquecer a introdução da
computação social na empresa. Entretanto, os funcionários
vão estar conectados, mesmo que fora da empresa. Mesmo
que a empresa proíba seu uso nos PCs e laptops oficiais,
eles se conectarão via seus iPhones ou BlackBarries.




Os novos funcionários, da geração digital, já estão
acostumados a usar essas tecnologias no seu dia-a-dia.
Para eles não existe muita diferença entre o uso pessoal
ou profissional das redes sociais. São seus meios preferidos
de comunicação. Como ignorar então as redes sociais?
Lembram-se dos meados dos anos 90 quando os debates
eram se as empresas deviam permitir ou não o uso da
internet pelos funcionários? Logo se descobriu que as
vantagens eram muito maiores que eventuais receios
de perda de produtividade e hoje a internet é livre na
imensa maioria das empresas.

Minha sugestão é adaptar a tecnologia para que a cultura
da empresa seja considerada e absorvida no projeto de
implementação. Por exemplo, uma cultura fortemente
hierárquica demanda forte necessidade de controle e
portanto devem ser implementados mecanismos que
permitam algum grau de controle na rede social da
empresa. Mas é  importante lembrar que os controles não
devem ser extremos e rígidos, caso contrário a rede
social não será motivada a se expandir e se disseminar
pela empresa.

Além disso, as empresas não são um bloco monolítico e
homogêneo. Elas são constituidas de pessoas, com idéias
e percepções diferentes e assim muitas vezes departamentos
tem ações e atitudes muito mais inovadoras que outros.
Alguns gestores, mais conservadores, encaram redes
sociais como distração, a serem proibidas na empresa, e
outros a vêem como acelerador de colaboração e inovação.

Portanto, lutar contra as redes sociais é inutil. Ignorá-las
também. Como os telefones e os PCs mudaram a nossa
maneira de trabalhar (apesar de serem combatidos no
início), devemos aceitar o fato de que estamos diante
de novas mudanças e assim, de forma pragmática criar
as novas regras do jogo.



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Cezar Taurion é diretor de novas
tecnologias aplicadas da IBM Brasil








Fonte: http://computerworld.uol.com.br/tecnologia

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